Ovinocultura: conheça o potencial da raça Ile-de-France

A ovinocultura ainda corresponde a uma pequena porcentagem no consumo de proteínas do brasileiro. Geralmente, a carne de cordeiro é vista com requinte, preparada em churrascos ou ocasiões especiais. Mas estudos vêm mostrando que essa situação pode mudar, com maior conscientização sobre o consumo da proteína ovina e o aumento da procura por novos sabores na alimentação.

No Brasil, principalmente na região Sul, a raça Ile-de-France vem desempenhando um papel importante com sua dupla aptidão para carne e lã. Conheça mais sobre essa raça e veja possibilidades de aproveitamento da carne de cordeiro e de animais adultos.

Sobre a raça Ile-de-France

Como o nome sugere, a raça Ile-de-France surgiu na França, por volta do século 19, quando técnicos franceses decidiram cruzar ovelhas Merino Rambouillet com carneiros New Leicester. Mais tarde, o cruzamento recebeu sangue da raça Merino Contentin, para eliminar pigmentos escuros na pele e no focinho.

O resultado do experimento foi o Ile-de-France, um animal com 40% de aptidão para lã e 60% para carne, um equilíbrio razoável, que garante rendimentos em duas frentes para o criador. Registrado em 1922, chegou ao Brasil na década de 30, possivelmente no Oeste gaúcho.

Ile-de-France 2 Foto ABCIF

Cruzamentos

Essa é uma raça conhecida pelo alto rendimento de sua carne. Os cordeiros, preferidos pelo brasileiro devido ao sabor mais suave da carne, chegam à maturidade de abate em apenas 90 dias.

Devido a esse desempenho, o Ile-de-France é criado puro e também em cruzamento com outras raças tradicionais na ovinocultura de corte brasileira, como Santa Inês, Merino Australiano, Corriedale e Ideal, melhorando a qualidade da carne, sem prejudicar a lã.

Desenvolvimento do setor

Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), o consumo per capita atualmente é de cerca de 400 gramas anuais, enquanto que o brasileiro come em média cerca de 47 quilos de carne de frango por ano, 35 quilos de carne bovina e 15 quilos de suínos.

Mas, de acordo com a Embrapa, a demanda interna por carne de cordeiro ainda é inferior à oferta, o que leva o país a importar esse alimento. Assim, ações de pesquisa e inovação passaram a ser desenvolvidas para estruturar e valorizar essa cadeia produtiva, principalmente os processos industriais da carne.

Hoje, um dos principais desafios da produção de carne de cordeiro é o abate regular. Como a maior parte é feita na informalidade, isso dificulta a criação de padrões de regulamentação e de qualidade para essa carne.

Produtos derivados da carne ovina

Carne ovina Foto Embrapa

De um lado, o consumidor final tem dificuldade em preparar a carne ovina. Do outro, os produtores acumulam muitos animais mais velhos no campo, sem ter o que fazer com eles. O projeto Aprovinos, da Embrapa, busca desfazer esse gargalo incentivando o produtor a vender seu produto já processado, com mais fácil acesso e palatabilidade.

Com os estudos da Embrapa, mostrou-se possível produzir vários produtos derivados da carne ovina, que podem ter maior aceitação no mercado. Entre eles:

  • Bacon
  • Presunto
  • Salame
  • Linguiça
  • Costela defumada
  • Hambúrguer
  • Patês

Assim, animais de grande porte, velhos, não castrados, dentre outros, podem ser melhor aproveitados.

Um outro potencial que deve ser explorado é a venda de cortes menores. Atualmente, se encontram principalmente pernil e paleta, peças grandes e de difícil preparo.

Expectativas

A expectativa dos setores é que o consumo da carne ovina aumente com o desenvolvimento de ações focadas na sua popularização. Como o Ile-de-France tem uma importante aptidão para produção de carne, boa capacidade reprodutiva – seu ciclo reprodutivo dura quase o ano inteiro, e boa adaptação ao clima, o crescimento e melhoramento da raça deve se tornar inevitável.

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