ILPF chega a 11,5 milhões de hectares no Brasil

Uma das maiores apostas para garantir a rentabilidade futura da pecuária e da agricultura no Brasil é o chamado Sistema ILPF – Integração Lavoura – Pecuária – Floresta, que já conta com números positivos.

Em todo o Brasil são 11,5 milhões de hectares destinados ao sistema, segundo dados Embrapa – entidade responsável pelas principais pesquisas e divulgação sobre o assunto.

Entre os estados com maior número de adoção estão o Mato Grosso do Sul, com dois milhões de hectares; Mato Grosso com 1,5 milhão e, em terceiro da lista está o Rio Grande do Sul, com 1,4 milhão de hectares. Esse último se destaca ainda como sendo o maior em números de propriedades participantes em alguma das modalidades disponíveis dentro do sistema.

De acordo com Lourival Vilela, pesquisador e líder do Projeto de Transferência de Tecnologia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta cerca de 30 unidades da Embrapa estão envolvidas no projeto e 83% dos produtores rurais que atuam com foco maior na pecuária já adeririam ao sistema. Destaque ainda para outros 7% que destinam investimentos a Integração Pecuária Floresta.

“Grande parte dos pastos brasileiros são considerados de baixa qualidade de produção, por isso, o sistema tem como objetivo trazer melhorias do solo e isso promove melhoria na produção de grão. Garantindo assim, maior qualidade nutritiva aos pastos causando um grande impacto tanto na produção de grãos quanto na produção de bovino”, explica o pesquisador.

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Lourival Vilela, pesquisador e líder do Projeto de Transferência
de Tecnologia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta 

Foto: Divulgação

Benefícios

Apresentando excelente capacidade e suporte de produção sem a necessidade de abertura de novas áreas, o sistema de ILPF prevê o aumento produtivo com excelente cobertura de solo para o plantio direto e recarga dos lençóis freáticos causando impacto positivo ao meio ambiente.

“É notório que as pastagens se tornam mais produtivas sendo uma grande alternativa de melhora para a recarga dos lençóis freáticos. Isso permite uma filtragem de água superior às de áreas naturais, o que é surpreendente! As pastagens são conhecidas por ser uma das melhores coberturas de solo permitindo uma taxa de infiltração de água em quantidade excelente para manutenção de lençol freático. O país passa por uma crise hídrica e quando não há uma pastagem produtiva e manejada acaba reduzindo esse escoamento de água causando um impacto negativo.”, ressalta Vilela.

Programa ABC

O Sistema Integração Lavoura-Pecuária-Florestas é responsável por boa parte do financiamento do Programa ABC – Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura, conforme dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento cerca de 7% de todo o valor destinado ao programa é utilizado para a ferramenta tecnológica promovendo sinergia entre as práticas, antes feita isoladamente uma das outras.

A proposta, segundo o próprio MAPA, é alcançar os objetivos traçados pelo Plano ABC, no período compreendido entre 2011 e 2020, onde estimam-se que serão necessários recursos da ordem de R$ 197 bilhões financiados com fontes orçamentárias ou por meio de linhas de crédito. Dos valores mencionados, cerca de R$ 157 bilhões seriam recursos disponibilizados via crédito rural para o financiamento das atividades necessárias para o alcance das metas físicas de cada programa.

Dicas para não falhar: 

As pesquisas com foco nos sistemas integrados de produção agropecuária, em especial a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) são muitas. A Embrapa publicou no começo de fevereiro um manual com dez dicas sobre as principais falhas cometidas e que causam resultados contrários ao esperado.

1 – Não estudar o mercado anteriormente

É preciso saber se há logística para a chegada de insumos e escoamento da produção, se há fornecimento local de mão-de-obra e de serviços que serão demandados e, principalmente, para quem irá comercializar a produção. A falta desse estudo prévio pode resultar em dor de cabeça e prejuízos para o produtor.

2 – Erro na implantação e manejo do consórcio de milho com capim

O consórcio de milho com capim é uma das técnicas mais aderidas por ser melhor durante o período chuvoso mantendo o solo sempre protegido. Entretanto, a implantação e o manejo do consórcio são feitos de acordo com o objetivo do produtor. Se o capim for usado somente como palhada, usa-se menor quantidade de sementes da forrageira e prioriza-se o milho. Já se o objetivo é a formação de uma pastagem após a colheita do grão, aumenta-se a quantidade de sementes da forrageira.

Não fazer o correto planejamento da implantação do consórcio em função do objetivo final pode implicar em aumento de custos para o produtor e em queda no rendimento.

3 – Não deixar palhada para a lavoura

Uma atitude comum dos produtores em um sistema de integração lavoura-pecuária é a de aumentar a lotação das pastagens no fim do período seco para baixar o capim antes de ser dessecado para o plantio da lavoura.

É preciso cuidado para que o excesso de pastejo não reduza o capim de modo a deixar palhada insuficiente para cobertura do solo na cultura agrícola.

4 – Regulagem da plantadeira

Uma plantadeira desregulada pode depositar as sementes no meio da palha e não no solo, causando falhas no plantio e perdas para o produtor. É preciso ficar atendo à altura de profundidade do disco de corte, regulando a máquina corretamente para a quantidade de palhada na lavoura.

Foto: Arquivo Embrapa

5 – Falta de adubação na pastagem

A pastagem retorna ao sistema aproveitando o resíduo da adubação da lavoura que o precedeu. Entretanto é preciso que durante o período em que a pecuária ocupe a área, seja feita a adubação de manutenção. Isso ajudará a manter a fertilidade do solo, aumentando a produtividade, além de garantir um maior acúmulo de matéria orgânica no solo evitando a compactação.

6 – Superlotação das pastagens

A superlotação das pastagens é um erro em um sistema de integração lavoura-pecuária ou no sistema silvipastoril (IPF). O pastejo excessivo pode provocar a redução da quantidade de plantas da forrageira e por isso o solo ficará exposto causando aumento na incidência de plantas daninhas degradando a pastagem.

7 – Espaçamento da espécie florestal

Segundo a Embrapa, a escolha errada do espaçamento entre os renques com espécies florestais em sistemas ILPF pode colocar todo o sistema em risco. È necessário estudar o perfil de crescimento da árvore e o comportamento da copa, levar em consideração o objetivo com o sistema produtivo e então definir o melhor espaçamento conforme a orientação do técnico responsável pelo acompanhamento.

8 – Deriva de herbicidas nas árvores

Qualquer descuido pode provocar a deriva nas espécies florestais causando danos ao seu crescimento, brotação excessiva, bifurcação de tronco ou até mesmo levando à morte de plantas jovens. Para evitar que esses problemas ocorram, a pulverização deve ser feita em dias sem vento e com temperaturas mais amenas, em baixa velocidade e utilizando bicos anti-deriva nas pontas da barra de pulverização.

9 – Descuido no manejo da espécie florestal

O manejo inadequado durante a fase de crescimento da planta tem impacto direto no crescimento e na formação do fuste da árvore. Uma árvore com tronco bifurcado, cheia de nós e com outros danos perde valor comercial. Na maioria dos casos essa perda chega a ser muito maior do que as despesas evitadas nos anos anteriores.

Descuido no manejo da espécie florestal

Foto: Arquivo Embrapa

10 – Não existem um modelo ideal

Não existe um modelo padrão. Para adotar do sistema ILPF é preciso um estudo prévio, avaliar a aptidão do produtor, maquinário disponível, características da propriedade, disponibilidade de mão-de-obra, mercado local, logística, disponibilidade de crédito, entre outros fatores.

O melhor a se fazer é contar com auxílio de um consultor técnico especializado para se fazer um bom planejamento e evitar surpresas no futuro.

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