O uso do sal mineral e da suplementação dentro da nutrição está muito presente na pecuária brasileira e deve ser encarada com muito rigor pelos criadores. Prova disso é que o Brasil detém 218,2 milhões de cabeças de gado, segundo dados do Instituto Brasileiro Geografia e Estatísticas (IBGE).
A maior concentração desses animais se encontra na região Centro-Oeste, com 34,4% de todo o rebanho nacional – Mato Grosso lidera a lista com 30,3 milhões de cabeças. Minas Gerais segue em segundo na lista com 10,8% e Goiás e Mato Grosso do Sul concentram, respectivamente, 10,5% e 10,0% de todo o efetivo nacional.
Além disso, outro dado chama a atenção em relação à proporção tomada nos últimos anos. Desse rebanho, 95% vivem em condição de pastagem e a suplementação através do sal mineral é um dos responsáveis por garantir a alta produtividade e rentabilidade desses animais em todos os estados brasileiros. Segundo dados da Asbram – Associação nacional das indústrias do setor de mineração, o consumo total de sal mineral em todo o país já atingiu a casa dos 2,8 milhões, outro número recorde que aquece a economia do país.
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Mas, assim como qualquer outra técnica de suplementação, o ideal é que sejam esclarecidas algumas dúvidas sobre o que é válido ou não na hora do seu uso. Em especial, o sal mineral, ainda é utilizado por muitos sem qualquer orientação, até mesmo por ser uma das técnicas comuns dentro da pecuária de corte brasileira.
O sal mineral é um grande aliado da pecuária
Diversas pesquisas sobre o assunto defendem o uso do sal mineral como grande aliado na suplementação animal. Mas, todo o cuidado é pouco na hora da administração. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, o agrônomo Sérgio Medeiros*, um dos responsáveis pela publicação do livro Nutrição de bovinos de corte – Fundamentos e aplicações, a produtividade de carne e de leite no país depende seguramente, da nutrição, alimentação e saúde dos animais.
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O uso das tecnologias associadas à nutrição de bovinos seja na mineralização, na suplementação (sal mineral), na terminação a pasto, em confinamento(material exclusivo aqui do Blog, confira), dentre outras inúmeras presentes no mercado nacional, já faz parte da nova realidade da pecuária nacional. Por isso, os desafios sobre o que deve ou não oferecer aos animais deve ser encarado com muita responsabilidade para que os criadores não tenham prejuízos. O ideal é contar com a ajuda de um profissional especialista no assunto para não correr sérios riscos, quanto mais produtividade melhor para o pecuarista, melhor para a pecuária nacional.
Nenhum sal mineral é igual ao outro
Para o pesquisador Sérgio Medeiros, diversas marcas de sal mineral podem ser encontradas no mercado. Mas qual é a ideal? Deve-se olhar a formulação, quais as quantidades de cada matéria prima e nutrientes foram utilizadas. O uso de produtos fora dos padrões indicados pelos técnicos especialistas só causarão prejuízos aos criadores.
Contas que dão certo
É preciso saber o que o animal precisa para ter um rendimento melhor em relação a ingestão da suplementação (sal mineral). Os animais não selecionam os minerais que estejam deficientes e por isso, o ideal é administrar o consumo de todos os suplementos de maneira bem formulada. É sabido de muitos, que o sódio é o único mineral que o animal mostra maior interesse pelo consumo, por isso é ideal administrar de forma coerente.
Sérgio aponta que o ideal é seguir a boa e velha regra de três: “Se em 1 kg do produto temos 200 g, quantos quilos do produto preciso para ter esses 10 g ou, simplesmente, 10 g/cab.dia dividido por 200 g Sódio/kg produto = 0,05 kg produto”, explica.
Minerais são determinantes
O pesquisador levantou outra questão sobre o uso dos minerais. Em uma pesquisa divulgada pela Embrapa Gado de Corte, em todas as forrageiras analisadas, seus valores de minerais estavam muito baixos em relação ao sódio. A mesma pesquisa mostrou a deficiência em relação à presença de fósforo. O zinco e o cálcio também não tiveram boas presenças nas amostras pesquisadas. Sérgio reforça que todos os minerais devem ser bem administrados, não limitando apenas ao sódio. Tudo sem excesso para não prejudicar a absorção um dos outros.
Mineral + consumo = Estiagem
É justamente na época da estiagem que a venda de sal mineral aumenta. O consumo se dá em decorrência da seca e com isso os pastos acabam ficando mais pobres em nutrientes, muitos defendem que a ingestão do mineral nessa época do ano se dá como forma de compensar a falta das pastagens, mas, a Embrapa defende que os criadores devem se atentar quanto a administração desses sais. Deve se levar com conta que quanto maior a produção, maior a necessidade de nutrientes, até mesmo porque é importante a preocupação da suplementação de minerais durante o período das águas.
Cochos
Sim, os cochos merecem atenção especial. O ideal, segundo Medeiros é a utilização de cochos cobertos e bem instalados evitando assim o acúmulo de água. A falta de espaço também é outro problema encontrado. O ideal, conforme a recomendação dos especialistas, é de no mínimo 6cm lineares de cocho para cada unidade animal.
Nos casos em que os cochos sejam instalados sem cobertura, o abastecimento mais intensivo ajudará durante a umidade a não empedrar o sal e com isso, não prejudicará o consumo do mineral.
Sal mineral com ureia
Todo cuidado é pouco. Essa alternativa de suplementação é muito adotado no período de seca e tem como proposta manter o peso dos animais durante o período de estiagem. Os especialistas orientam que a utilização inadequada de ureia causa fortes intoxicações, podendo levar a morte. Lembrando que em hipótese alguma se deve dar ureia para os animais que estejam em jejum ou aqueles que estejam abaixo do peso.
Minerais Injetáveis
Existem algumas alternativas de medicações suplementares que estão aliadas a minerais. É uma forma de fornecer ao animal os minerais que ele precisa.
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*Pesquisador da Embrapa Gado de Corte, o agrônomo Sérgio Medeiros é mestre e doutor pela ESALQ/USP, além de especialista em nutrição animal com atuação em diversas pesquisas entre essas sobre exigência e eficiência na produção animal, qualidade de produtos animais e soluções tecnológicas para produção sustentável.
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